sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sistema de saúde está "degradado e é insustentável"

O actual sistema de saúde está "em degradação e é insustentável". Esta é a conclusão de um estudo do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), coordenado pelo economista Augusto Mateus, que sugere a adopção de um novo modelo de financiamento, mais focado nos resultados.
"Propomos uma mudança de paradigma: pensar em financiar os cuidados  de saúde e não as condições que permitam vir a possibilitar esses cuidados",  defendeu o economista Augusto Mateus.  
Assim, o financiamento do sistema deveria ser feito através da satisfação  das necessidades da população e não através das infraestruturas.         
"O Estado deve querer é que os portugueses tenham acesso a cuidados  de saúde e não ter três hospitais separados por 30 quilómetros de distância". "Financiando as condições chegámos à insustentabilidade financeira do  sistema. Então, talvez valha a pena dar uma oportunidade a financiar os  resultados", acrescentou.         
Para os autores do estudo, ficou demonstrado "que não é possível continuar  a assistir à degradação" da sustentabilidade do sistema de saúde, pelo que é necessária uma verdadeira  articulação entre o público, o privado e o social.    
"O Estado tem um enorme papel de regulação. Deve ser prestador de cuidados  apenas naquilo em que é insubstituível. Se usasse as Misericórdias e os  novos investimentos privados em articulação com o sistema público teria  muito mais capacidade de sucesso", explicou.         
O economista sugere ainda que é necessário passar a ter orçamentos plurianuais  na área da saúde, substituindo as contas anuais.  Augusto Mateus lembra contudo que os "erros acumulados ao fim de 20  anos" não se corrigem rapidamente, avisando que é necessária uma perspetiva  de médio prazo.         
Caso o paradigma não seja alterado, os autores do estudo acreditam que  a população terá de passar a pagar mais para conseguir continuar a ter acesso  aos cuidados de saúde de que hoje dispõe.             
"Parte-se do princípio de que a saúde é um dos principais compromissos  do Estado. Mas obviamente [a saúde] hoje não é gratuita. O que é preciso  é que ninguém fique de fora do acesso aos cuidados por não ter recursos  financeiros", sustentou.

Publicação: Vítor Costa

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